AS CASAS






São casas habitadas, algumas
e as que já não são, guardam histórias,
memórias, segredos, fantasias,
lágrimas e alegrias…
As mais antigas,
testemunharam algumas vezes
o milagre da vida e o mistério da morte.
Há também as que choram a sua sorte,
as que assumem o silêncio do fim
e cheiram a saudade demorada
e a vontades e a frenesim
ou simplesmente a nada…
No rescaldo do tempo abortam crenças
e ocultam ventres de madrugadas imaturas
como quem esquece o olhar da vida
e o que a vida não cura.
São fiéis depositárias 
e confidentes, as casas…
Quiçá confusas,
mas orgulhosamente mudas!


04.03.2016

* Reservados todos os direitos de autor ®



10 comentários

  1. Um poema maravilhoso, amiga Ana.
    Escrever com tanta beleza sobre um tema aparentemente tão "anti-poesia" não é para amadores... É preciso dominar a arte.
    E a Ana fá-lo na perfeição.
    Gostei demais! Parabéns.

    Continuação de boa semana.
    Beijinhos
    MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

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  2. Que linda poesia e quanto as paredes e casas podem falar...bjs, chica

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  3. Há bastante tempo que não apareço por aqui, prejuízo para mim, pois deixei de sentir toda esta emoção que seus poemas trazem através de sua sensibilidade.
    beijinhos,
    Léah

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    1. Léah, boa noite.
      Na verdade não perdeu muito, o Ave Sem Asas esteve inactivo durante muito tempo.
      Muito obrigada, pela visita.
      Beijinho.

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  4. Um belo poema, na senda de muitos outros que tenho lido seus.
    Um abraço e bom fim de semana

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  5. Aí se as casas falassem, quantas histórias teriam para contar.
    Maravilhoso poema
    Beijinhos
    Maria

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  6. E tenho uma dessas casas, casa habitada de recordações, de risos, gargalhadas, de pezinhos correndo de um lado para outro; as paredes mantêm-se de pé, desbotadas, mas firmes, como que a dizer--nos que não abandonarão o que de tão precioso lá guardam. Tudo aconteceu naquela aquela e quando para ela olho, agradeço nela não se ter dado nenhum adeus, somente alguns " até logo, volto já...até amanhã...volte sempre que quiser " e outros momentos de pequenas despedidas. Isso dá um valor especial à casa e se alguma lágrima teima em cair quando a olho é de saudade dos tempos bons nela vividos. Lindo Ana! Obrigada por me permitires, de uma forma tão bonita, voltar à casa onde nasci e onde vivi até à minha ida para o Brasil em 76. Um beijinho e fica bem, amiga
    Emilia

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  7. Olá, Ana.
    As casas guardam tantas vivências... se elas pudessem abrir as janelas e contar ao mundo tudo o que sabem: os sorrisos, as gargalhadas, os choros escondidos nos seus cantos, as mentiras, traições, amores e desamores: ah, que seria um fim de mundo!
    Talvez por saberem disso, permanecem caladas, mesmo as abandonadas ;)

    bj amg

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